A trilha
Roteiro
Gabriel
André
EXT
– Rua – Dia
Um dia de muito sol, vemos um plano aberto com casas,
prédios e tudo mais que uma linda cidade pode proporcionar. Nesse momento é de
se esperar que uma linda família entre em cena; Porém, a câmera roda em volta
de uma Palio Ex, verde, as calotas da frente estão um pouco sujas de algo
vermelho, a câmera roda mais um pouco e vemos que existe um corpo deitado
frente ao carro, não vemos o corpo em nenhum momento, mas sabemos que o mesmo
foi atropelado; Mais um giro da câmera e paramos em uma visão da porta do
motorista, uns segundos no mesmo plano, e a porta se abre. Revelando um homem,
suas mãos estão enfaixadas sugerindo um corte nas palmas, ele fica de frente
para câmera, sua expressão é estranha, um misto de desespero com adrenalina.
Ele coloca um palito de dente na boca, como os pilotos de filmes clássicos
fazem. E é assim que vamos chama-lo: Piloto, pelo menos até seu nome ser
descoberto. Ele coloca as mãos no rosto, e diz o que quer tanto falar:
Piloto
(para si mesmo):
-Eu
to “fudido”!
Ele se recosta no banco, como se esperasse algo. E o
plano termina sem sabermos o que realmente se passa.
Corte-
INT
– Sala de interrogatório.
Um plano aberto, vemos o Piloto sentado de frente para um
homem que lê uma pasta, entre os personagens existe uma mesa. Piloto está
algemado, e veste roupas simples, enquanto o homem, frente a ele, está bem
trajado. A câmera foca nas mãos do homem bem vestido, e vemos um anel que deve
custar tão caro quanto uma casa. O homem não para de ler a tal pasta, sua
atenção está totalmente focada no conteúdo da pasta. Como o nome do tal homem é
um mistério vamos chama-lo de: Mocinho.
Mocinho
(para o Piloto):
(lendo)
(lendo)
-...
Aqui diz que você já correu em campeonatos da Ferrari...
Piloto
(para o Mocinho):
-Por
um tempo foi meu trabalho.
Mocinho
(lendo):
-Também
consta que você ganhou cinco campeonatos.
Piloto:
-E
levei uma medalha, de ouro, por cada campeonato.
Mocinho
(lendo):
-E
ainda tem mais, você ganho cinco e correu seis!
Piloto:
-Isso...
Mocinho:
-Por
que não as seis?
Piloto:
-A
sexta foi comprada, e eu fiz minha parte e perdi a corrida. Se não, eu tinha
ganhado as seis.
Mocinho
(lendo):
-Bom
saber disso. Aqui diz que você cuidava dos automóveis de Frederick Bon Villa.
Piloto:
-Isso.
Mocinho:
-Quem
é Frederick Bon Villa?
Piloto:
-Um
colecionador de carros. Eu o conheci na sexta corrida.
Mocinho:
-O
que ele fazia lá?
Piloto:
-Bom,
foi ele quem comprou a corrida e também havia comprado um carro.
Mocinho:
-Que
carro?
Piloto:
-O
modelo exato?
Mocinho:
-Por
favor...
Piloto:
-Era...
uma Ferrari 250 Califórnia Spyder.
Mocinho:
-Ele
comprou um caro e a corrida? E depois contratou você?
Piloto:
-Além
de piloto eu sou mecânico, e ele me contratou especialmente para lavar e
encerar carros.
Mocinho:
-Que
carros?
Piloto:
-Na
época ele tinha uma coleção com dezoito carros, aonde treze eram clássicos e
cinco eram exclusivos.
Mocinho:
-Mas
você disse que é mecânico e piloto. Encerar e lavar?
Piloto:
-Ele
deixava os carros nas mãos de mecânicos mais capacitados.
Mocinho:
-Mais
capacitados? Quem seriam esses “mais capacitados”?
Piloto:
-Alemãs,
franceses, pessoas que ele julgava serem pioneiras em automóveis.
Mocinho vira uma página da pasta que ele lia, seus olhos
correm pelas folhas buscando uma informação especifica.
Mocinho:
-Fez
exames médicos?
Piloto:
-Sim,
página oito.
Mocinho desliza as folhas
até chegar à página oito, aonde ele encontra o que procurava.
Mocinho
(lendo):
-Aqui
consta que é fumante.
Piloto:
-Sim,
desde meus quinze anos.
Mocinho retira de seu bolso um maço de cigarros e joga em
cima da mesa, logo em seguida ele repete a mesma ação com um isqueiro.
Mocinho:
-Fique
à vontade.
Um close-up no maço de cigarros.
Piloto pega o maço e arranca um cigarro, risca o isqueiro
que parece um lança chamas e incendeia o pequeno fumo.
Mocinho
(lendo):
-Aqui
diz que você tem uma cicatriz na região da costela.
Temos um plano de Piloto rodeado de uma fumaça, não vemos
o cigarro, mas insinuamos que a fumaça pertence ao fumo.
Piloto:
-Ganhei
em uma batida de carro.
Mocinho
(lendo):
-Você
tem um problema no joelho esquerdo.
Piloto:
-Se
os exames dizem...
Mocinho:
-E
isso atrapalha na hora de dirigir?
Piloto:
-Não.
Mocinho:
-Certeza?
Não quero descobrir no meio da corrida que seu joelho dói.
Piloto
(repetindo):
-“No
meio da corrida?”.
Mocinho
(lendo):
-Os
exames mostram um alto teor alcoólico no seu sangue. Imagino que bebe.
Piloto:
-É
eu bebo.
Mocinho:
-Uísque?
Piloto:
-É
eu bebo uísque!
Mocinho fecha a pasta, e a coloca de canto, puxa uma
garrafa, a cor do conteúdo lembra uísque, junto ele puxa dois copos e um balde
com gelo. Ele arranca de seu bolso um pequeno molho de chaves, que ele joga em
cima da mesa.
Close-up no molho de chaves.
Mocinho:
-O
que leva um piloto, mecânico e campeão da Ferrari, matar um homem? Eu tenho
certeza de que não sei. Mas eu sei que um homem prestes a ser condenado por
homicídio culposo seria capaz de matar.
Mocinho se levanta, pega o molho de chaves e vai até
Piloto, ele abre as algemas e as deixa de canto na mesa. Piloto esfrega seus
pulsos, e joga o cigarro no chão.
Close-up no cigarro caindo no chão.
Close-up nas algemas na mesa.
Mocinho volta a se sentar à
mesa, ele acena para a bebida, arrasta o copo até Piloto.
Mocinho:
-Sirva-se.
Piloto lota seu copo com pedras de gelo do tamanho de um
iceberg, e depois derrama o conteúdo da garrafa como uma cachoeira que ira
derreter os enormes icebergs. Ele toma o copo em sua mão, pronto para virar e
se deliciar...
Mocinho acena com a mão: ”pare”
Piloto coloca o copo de volta a mesa, Mocinho puxa o copo
de volta para o seu lado da mesa.
Mocinho:
-Agora,
vamos discutir a possibilidade de você trabalhar pra mim.
Mocinho retira de seu bolso dois pequenos frascos, um com
líquido verde e o outro com o líquido vermelho.
Close-up nos frascos.
Mocinho:
-Você disse que alemães e franceses são pioneiros, mas os russos são
pioneiros. Em 1965 sob a supervisão de Iúri Andropov, a KGB desenvolveu
um sistema para arrancar informações privilegiadas, o sistema consistia na
filosofia de que se você não se lembrar, você não vai se importa. Agora esse
frasco...
(Mocinho aponta pra o frasco verde)
-...era dado para os patriotas, pois
esse frasco dopa você e quando acorda não se lembra de nada, então eles falavam
tudo que a KGB queria saber, depois tomavam uma dose, acordavam em algum lugar
sem saber o que avia ocorrido, sem delação, sem patriotismos, sem
ressentimento. Mas Iúri nunca usou, ele foi afastado da KGB dois anos depois,
mas nós encontramos um excelente uso. E agora vai ser assim: você vai beber
esse frasco verde, e nós vamos fazer um trato, caso você não queira fazer o
trato, você dorme e nunca vai saber que eu estive aqui, mas se quiser fazer um
trato você toma o frasco vermelho que anula o efeito do primeiro frasco.
Piloto:
-E
se eu me recusar a beber?
Mocinho aponta para a
parede.
Mocinho:
-Ali
atrás daquela janelinha, existem homens bons, homens capacitados e existe também
uma secretaria gostosa. O problema é que esses homens estão devidamente
armados, se ouvir me proposta e se recusar a participar, aqueles homens vão
acreditar em mim quando eu disser que você arrebentou as algemas e tentou me
matar. Nada pessoal, é que tenho uma incrível relação com a verdade.
Mocinho despeja o líquido
verde no copo de uísque, e arrasta o mesmo até Piloto.
Piloto:
-Parece
que eu fique em desvantagem.
Piloto entorna o copo
deixando todas as possibilidades abertas para um possível trato.
Mocinho:
-E
agora temos um tempinho antes de você apagar em cima dessa mesa, saúde.
Mocinho também começa a
beber.
Mocinho:
-Eu
fiquei curioso, mas quero ouvir de você. Qual o nome do corpo que estava
deitado frente ao seu carro.
Piloto:
-Frederick
Bon Villa.
Mocinho:
-Imaginei.
Por que matar um homem que te deu um emprego?
Piloto:
-Você
sabe quanto custa a Ferrari que ele comprou? Sabe quanto os mecânicos alemães e
os mecânicos franceses custam? Caro para “caralho”. Então
ele faliu, vendeu todos os carros e eu comprei um, mas ele nunca me entregou, e
se recusou a devolver o meu dinheiro; Desgraçado, aposto que se arrependeu
quando eu estava passando por cima do crânio dele.
Mocinho:
-Que
carro você comprou?
Piloto:
-Uma
Maverick preta.
Mocinho retira de seu bolso
uma caderneta e uma caneta, ele abre a caderneta e começa a escrever.
Mocinho:
-Só
para registro, você realmente queria matar ele ou era a adrenalina.
Piloto:
-Eu
queria.
Mocinho:
-Mas
tem ataques de adrenalina?
Piloto:
-Eu
sou um piloto! Quem escolhe uma profissão dessas sem ter uma tremenda relação
com a adrenalina?
Mocinho escreve.
Mocinho:
-Nome
completo.
Piloto:
-Oliver
Rodrigues.
Mocinho escreve.
Mocinho:
-Familiares?
Oliver:
-Só
um irmão, mas ele mora longe.
Mocinho escreve.
Mocinho:
-Isso
é tudo.
Mocinho fecha a caderneta.
Mocinho:
-Oliver
me chama de Alejandro, e antes que pense que descobriu meu nome, não, Alejandro
não é meu nome.
Oliver:
-Eu
realmente precisava saber?
Alejandro:
-O
que você me diria sobre um homem que rouba sua própria empresa, só para abrir
uma pista de corrida?
Oliver:
-Eu
faria isso.
Alejandro:
-Trair
seus sócios, só para abrir uma pista de corrida?
Oliver:
-Que
pista? Eu conheço?
Alejandro:
-Acho
que sim. Já ouviu falar da “Trilha do Branco”.
Oliver:
-A
“Trilha
do Branco”? A famosa pista de corrida “Trilha do Branco”?
Alejandro:
-A
própria piloto. Sabe quem a construiu?
Oliver:
-Sei,
foi Andreas Charles Branco.
Alejandro:
-E
quem é Andreas Charles Branco?
Oliver:
-Dono
das fábricas de pneus mais famosas da cidade.
Alejandro:
-Que
roubou a empresa de pneus e fundou a tal pista com o dinheiro. Bom, eu quero
que você mate ele.
Oliver:
-(Risos)...
Claro e quem sabe depois não dobrem minha sentença.
Alejandro:
-Se
você concordar em mata-lo, não ira nem a julgamento.
Oliver:
-Diga-me
como...
Alejandro:
-Se
concordar em trabalhar para mim, eu lhe dou o frasco vermelho, logo em seguida
dou um jeitinho e você “morre”, e depois de tudo isso você mata ele.
Oliver:
-E
você limpa minha ficha... que mais?
Alejandro:
-Uma
pequena maleta com cem mil dólares americanos.
Oliver:
-E
quando eu der um tiro nele, não vão atrás de mim?
Alejandro:
-Um
tiro? Não, você é um piloto e vai matar ele assim: numa batida de carro!
Oliver:
-Como?
Alejandro:
-Se
concordar com o acordo, esse fim de semana a verá uma corrida na “Trilha do Branco”,
aonde Marcos Cruz, corredor mexicano natural de Guadalajara, irá correr.
Oliver:
-Marcos
Cruz seria eu?
Alejandro:
-Talvez,
e talvez no meio da corrida um acidente ocorra e talvez Andreas morra.
Oliver:
-Um
acidente de caro? E eu morro junto!
Alejandro:
-Não,
seu carro totalmente equipado estará pronto para garantir sua segurança.
Oliver:
-Eu
faço com duzentos mil.
Alejandro:
-Não.
Oliver:
-Então
não faço!
Alejandro:
-E
vai preso. Comigo você vai mais ganhar do que perder.
Oliver:
-Prove.
Alejandro:
-Além
de cem mil, você se livra de anos na cadeia, ganha um super carro, e mata um
homem, no meio de uma corrida em alta velocidade e com um super impacto... “oui”
eu até sinto... Qual é o nome mesmo?
Oliver começa a tremar na
cadeira, seus dentes rangem, ele está pronto para qualquer coisa que possa
acontecer, um misto de demônio com fúria. E ele completa a frase que Alejandro
não conseguiu.
Oliver:
-Adrenalina!
Alejandro:
-Isso.
Oliver:
-Que
carro?
Alejandro:
-Um
Opala V8, reforçado e equipado para suportar uma batida, como a do nível que
você está prestes a se meter.
Oliver:
-Opala?
Alejandro:
-Sim!
Interessante não é?
Oliver:
-Deixa
ver se eu entendi, eu num Opala super-reforçado e super veloz, numa corrida, eu
bato com um super impacto contra Andreas Charles Branco? Ninguém vai suspeitar?
Alejandro:
-Tem
razão, um piloto morrendo numa corrida, o que eu tava pensando? É melhor dar um
tiro!
Oliver:
-Eu
faço o papel de piloto, sem suspeitas ou qualquer perigo ai eu ganho cem mil
dólares americanos e liberdade?
Alejandro:
-E
o que sobrar do Opala.
Oliver não pensa muito e
logo estende sua mão para firmar um acordo com Alejandro, que nem se mexe.
Alejandro:
-Mas
antes preciso de uma coisa para te certeza de que posso confiar em você.
Oliver abaixa a mão.
Oliver:
-O
que?
Alejandro se levanta e vai
até um canto da sala, onde está uma pequena bolsa de couro, ele volta a se
senta, abre a bolsa e retira uma lamina de barbear, um rolo de esparadrapos e
um copo descartável.
Alejandro:
-Marcos
Cruz, arranque suas digitais de Oliver Rodrigues.
Oliver se concentra pega a
lamina e encosta no seu dedo.
Close-up na lamina.
A câmera corta para o rosto
de Oliver, que esbanja uma aparência de dor, seu ombro treme insinuando que ele
cortou sua digital.
Close-up em uma gota de
sangue caindo.
Close-up no rosto de Oliver.
Close-up em uma gota de
sangue caindo.
Close-up no rosto de Oliver.
Close-up em uma gota de
sangue caindo.
Close-up no rosto de Oliver.
Close-up em uma gota de
sangue caindo.
Close-up no rosto de Oliver.
Close-up em uma gota de
sangue caindo.
Close-up no rosto de Oliver.
Oliver pega as raspas de
seus dedos e joga no copo descartável, Alejandro pega o copo olha no fundo.
Alejandro:
-1-2-3-4-5-6-7-8-9-10...
Ótimo!
Oliver, com os dedos
sangrando, pega o rolo de esparadrapo e começa a fazer curativos em seus dedos
ensanguentados. Agora com seus dedos enrolados em esparadrapos ele passa a mão
em seu rosto, enquanto isso Alejandro guarda a lamina e o copo, com pedaços dos
dedos de Oliver, em sua bolsa; Ele então arrasta o frasco com o líquido
vermelho até Oliver.
Alejandro:
-Eu
tomaria isso rápido.
Oliver entorna o pequeno
frasco mais rápido que em um piscar.
Oliver
(com raiva):
-Vai
se “fuder”,
eu to todo sangrando por sua causa... “caralho”...
Alejandro:
-Não
por minha causa, por causa do meu chefe!
Oliver:
-E
o que “porra”
é o seu chefe?
Alejandro:
-Se
ele quisesse que você soube-se, ele estaria aqui, e não eu.
Oliver:
-“porra”...
Por que eu?
Alejandro:
-Porque
você é o desesperado, quando eu estiver pra ser preso e precisar de dinheiro,
eu mato o cara. Mas hoje é você quem precisa, então cala a “merda”
da boca, e agradeça. Tem gente fazendo muito pior por menos.
Oliver:
-E
agora, estou morto?
Alejandro:
-Tecnicamente:
sim, Marcos cruz! Como é a sensação de morrer?
Oliver:
-É
como uma enorme dor nos seus dedos.
Alejandro:
-Sabe,
é como naquele filme: ”México Errou”, em que o
protagonista, Don Dean, da à volta pelo México e matar cinco pessoas
selecionadas, ele criava acidentes e assim nunca era culpado, mas no final a
vitima sobrevive e ele morre. O mais impressionante é que ele nunca se
incomodou em conhecer as vitimas, e deveria, pois a quinta vitima era uma
pilota do exercito, e o carro que ela dirigia era blindado.
Oliver:
-Quer
que eu conheça Andreas antes de mata-lo?
Alejandro:
-Quero
que quando você estiver dentro daquele Opala V8 turbinado, eu quero que você
acelere passando na frente do carro “merda” de Andreas
Charles e eu quero que você vire contra ele e acelere mais, entendeu?
Oliver:
-Perfeitamente.
Só uma pergunta: quando eu vou ver o carro?
Corte
–
A
tela fica preta, e um narrador anuncia o resultado da corrida:
Narrador
(off):
-É
inacreditável, o jeito que aquele Opala atravessou o Dodger, foi à batida mais
brutal que eu já vi! O teto do Opala está no meio da pista e as calotas do
Dodger estão rolando por ai... Sinceramente eu não acredito no que acabei de
ver. Sério foi de longe um movimento espetacular o do opala durante a colisão,
é coisa de profissional. E a respeito da situação de cada piloto nada foi
revelado, mas qualquer coisa além da morte é um grande milagre!
EXT
– Gramado – dia
A câmera esta no chão virada
pra cima, simbolizando uma visão de alguma pessoa.
Visão:
Alejandro e mais um homem
que não apareceu antes, eles olha diretamente para a câmera.
Alejandro:
-Eu
jurava que ele ia conseguir.
Homem:
-É,
mas o Branco ta mortinho. Você viu o corpo?
Alejandro:
-Não.
Como está?
Homem:
-Mais
parece que uma tribo de canibais o atacou, sem braço, olho saltado e com as
tripas pra fora.
Alejandro:
-E
o Opala?
Homem:
-A
batida foi tão feia que o teto voou, mas o motor ainda pode servir.
Alejandro:
-Sabe
a maleta?
Homem:
-Com
os cem mil?
Alejandro:
-É...
queime. O dinheiro pertence a ele.
Homem:
-Eu
acho que ele não vai conseguir gastar nenhum centavo.
Alejandro:
-(Risos)...
Eu também acho que não.
Homem:
-Mato
ele?
Alejandro:
-Um
tiro faria muito barulho. Rasga ele e fala que foi da batida.
O homem desconhecido tira do
bolso seu canivete, se ajoelha e percebemos que a visão que temos é de Oliver.
Homem:
-No
pescoço?
Alejandro:
-No
estomago!
Homem:
-Uma
facada no estomago? Vai demorar pra morrer!
Alejandro coloca na boca um
palito de dentes.
Alejandro:
-Eu
não disse que estava com presa.
Homem:
-Uma
facada no estomago?
Alejandro:
-Bem
funda e brutal, mas sem perder a ternura!
Homem:
-(Risos)...
O homem aproxima a faca e
então a visão se fecha deixando o resto na imaginação.
THE END...
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